Ambientes obesogênicos
- Dr Pedro Melo
- 10 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de abr.
Já ouviu dizer que hoje vivemos em uma sociedade, ou em um ambiente, obesogênicos?
O quê isso significa?
Hoje em dia a maneira como nossa sociedade funciona, como os espaços públicos são planejados, como o marketing é feito, como os alimentos são fabricados, tudo parece conspirar para que a população se torne mais obesa. E hoje a ciência tem evidências concretas que nossos anos de evolução não nos prepararam para essa situação, na verdade, nos preparou para o contrário, cenários em que a escassez de alimentos era frequente, e o ser humano tinha que sair para caçar seus alimentos, sobreviver à doenças contagiosas. Foi nessa fase talvez que nosso organismo sofreu maior pressão para evoluir, nos tornando muito bons em estocar energia dos alimentos.
No entanto hoje vivemos com excesso de alimentos (hipercalóricos e ultraprocessados), extremamente palatáveis, com embalagens chamativas, e que estão a alguns passos de distância no mercado mais próximo. Além disso, a necessidade para se exercitar reduziu, passamos longos períodos sentados no trabalho ou em casa, e muitas vezes expostos à propagandas que geram ainda mais fome, mesmo estando saciados. O planejamento do espaço público também tem grande impacto, pois as cidades são planejadas para se andar de carro, com grandes vias que ligam pontos distantes, pouco lugar para caminhar, poucos parques e ambientes que estimulem a prática de atividade ao ar livre.
O resultado de tudo isso?
Hoje 60% da população adulta brasileira está obesa, e o número em crianças cresce vertiginosamente. No mundo , nos dados de 2020, aproximadamente 43% da população vive acima do peso, e as estimativas da OMS apontam que os números podem dobrar até 2035.
Mas isso significa que nao tem saída?
Hoje temos mais consciência e conhecimento sobre a obesidade, e que deve ser tratada como uma patologia, no entanto sempre se atentando para não fazer colocações que sejam excludentes, preconceituosas ou contra-producentes. O conhecimento nessa área da medicina e na saúde pública vem aumentando consideravelmente, novas políticas estão sendo criadas, as medicações hoje disponíveis são mais efetivas que nunca, e o futuro do tratamento da obesidade parece ser promissor.
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